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De Itabira

Wemerson Felipe Gomes

para Ingrid

Esses olhos mansos,
que banham maria
a vida dos homens,
vem de Itabira?
Vem de Itabira
essa pele negra,
esculpida
do pó
da terra
do sangue
(quente)
dos orixás?
E essa hipocrisia,
disfarçada
de sentimento
do mundo;
esse sorriso que
rasga a outra face
do céu
noturno
(mas sem estrelas),
é doce herança
itabirana?
É de Itabira
o hábito de sofrer
em silêncio –
de pesar o silêncio –,
que tanto me inquieta?
(oitenta por cento de
sede na alma;
afogada em todos os sentidos)
E Itabira é só mais um
retrato na parede.
A vida é um
retrato na parede
(do tempo).
E se dói, é assim.